União entre Suzano e Fibria forma a quinta maior empresa do Brasil
Nova companhia terá 11 unidades industriais, clientes em 90 países e R$ 18 bi em exportações
TAÍS HIRATA SÃO PAULO, SP - A fusão entre as empresas de celulose Suzano e Fibria criará uma gigante brasileira com um valor total de R$ 83 bilhões o que a torna a quinta maior companhia não financeira do Brasil, atrás apenas de Petrobras, Ambev, Vale e Telefônica, segundo dados da Bloomberg.
"Será também a maior empresa de agronegócio do Brasil. [A empresa] tem uma competitividade difícil de ser replicada no futuro", afirmou o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, nesta sexta (16), em São Paulo. Juntas, as companhias tomam uma proporção enorme: são 11 unidades industriais; uma capacidade de produção de 11 milhões de toneladas de celulose; exportações anuais de R$ 18 bilhões e uma base de clientes em 90 países. A projeção de investimentos para este ano das duas empresas é de R$ 6,4 bilhões.
A operação, divulgada na noite de quinta (15), consolida o Brasil como líder global no mercado de celulose de fibra curta cujos custos de produção são mais atrativos que o mercado de fibra longa, típico do hemisfério norte. Para fechar o negócio, a Suzano teve que desbancar a indonésia Paper Excellence, que no ano passado comprou das mãos da J&F a fabricante de celulose Eldorado. Nos últimos dias, a estrangeira tinha feito uma oferta superior à da Suzano.
GIGANTE DO PAPEL
Conheça o perfil das duas empresas que formam a líder mundial de papel e celulose
| Suzano Papel e Celulose | Fibria |
Mercado | Segunda maior produtora de celulose de eucalipto e quinta maior produtora de celulose do mundo | Líder mundial na produção de celulose e eucalipto |
Produção | 5,1 milhões de toneladas de papel e celulose (Estimativa para 2018) | 7,25 milhões de toneladas de celulose por ano (capacidade produtiva) |
Funcionários | 19 mil entre empregados e terceiros | 17 mil |
Fábricas | 5, Imperatriz (MA), Suzano (SP), Rio Verde (SP), Mucuri (BA), Limeira (SP) | 6, Jacareí (SP), Araracruz (ES), Veracel (SP), Fortaleza (CE), Belém (PA), Três Lagoas (MS) |
Lucro líquido (2017) | R$ 1,8 bilhão | R$ 1,093 bilhão |
Receita líquida (2017) | R$ 10,52 bilhões | R$ 11,739 bilhões |
Participação | 36% na produção brasileira de papel para imprimir, escrever e papel cartão | 35 são os países para onde exporta celulose |
Fontes: Empresas e Pöyri Consultoria
Na avaliação de um analista do setor de celulose que preferiu não se identificar, a formação de uma empresa brasileira mais robusta não deixa de ser uma defesa contra um possível avanço de estrangeiros na produção de celulose brasileira, que é a mais competitiva do mundo. Questionado sobre a proposta da Paper, o presidente do BNDES (que detém 29% da Fibria), Paulo Rabello de Castro, afirmou que a oferta da estrangeira havia sido apenas uma "manifestação de interesse" e que o fechamento do negócio não teria sido uma confrontação das propostas. O acordo é que a Suzano Papel e Celulose comprará todos os papeis da Fibria os acionistas da empresa receberão em dinheiro (R$ 52,5 por ação) e uma participação na nova companhia (a cada papel na Fibria, receberão o equivalente a 0,461 de uma ação da Suzano).
Para Rabello de Castro, a operação "não torna ninguém campeão nacional, mas torna a todos nós gigantes" em referência à política do governo petista que ajudou empresas como a JBS. Segundo ele, a venda faz parte da estratégia do banco para se capitalizar, e ao menos R$ 5 bilhões dos R$ 8,5 bilhões que irá embolsar serão reinvestidos em startups.